JUÍZO final

------Há uns tempos li na revista Sábado (3 Abril 2008) um artigo de opinião intitulado Juízo final, que achei muito pertinente e adequado aos tempos difíceis que hoje vivemos, nomeadamente em relação aos nossos jovens e à sua (não) educação... Passo a citar:" (...) a uma criança nada se recusa. É verdade que a criança do Carolina Michaelis tem 15 anos, mas a infância tornou-se um conceito lato, que se prolonga até os petizes descobrirem que o mundo não se encontra feito à medida deles.
-----Em tempos não demasiado remotos, essa era uma descoberta quase imediata. A escola prolongava o lar enquanto espaço de hierarquias, no qual o docente falava e a criança ouvia ou fingia que ouvia. Hoje, a escola pública prolonga o lar enquanto pandemónio democrático, onde as crianças (e os pais, e a "comunidade") têm direito a exprimir a sua "opinião" e, no fundo, a fazer o que a ignorância da idade lhes recomenda.
-----Protegidas por hordas de malucos para quem a autoridade é sinónimo de fascismo, as crianças vão fazendo. Um dia (tardio) crescem, a feia realidade desaba-lhes em cima e a ilusão democrática esvai-se. É aí que se voltam em lágrimas para os paizinhos (com pesar destes) ou, mais provavelmente, para o Estado (com pesar nosso). Uma coisa, assaz repetida ultimamente, é certa: o vídeo do "Carolina" não reflecte o ensino. Reflecte o País. O País presente e, se tivermos o azar de lá chegar, o futuro.»
------------------------------------------------------ALBERTO GONÇALVES, Sociólogo

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