I Capítulo dor

Maio do seu descontentamento...

      Por vezes é fácil desistir,  por todos os poros da sua pele sabia bem o que podia ser desistir.... Jurara nunca mais! Mas de novo se encontrava ali, perdida, só...mais só do que nunca! E aquela dor que lhe atravessava a alma, que lhe tirava as forças, o sorriso, a esperança. Sentia-se traída, enganada, desmerecedora de tão doloroso castigo. Que destino traiçoeiro o seu. Fora apanhada numa teia de situações, alheias a si, mas de que acabara por ser vítima, sem nada poder fazer...
Ao sair ele fizera-lhe apenas um pedido: - Só te peço uma coisa, que não me telefones, não me mandes sms's ou mails.
No entanto, infeliz com uma situação que a ultrapassava, da qual se tornara personagem involuntária, sem saber qual o desenlace, porque não havia guião para a vida real, tentou ainda evitar o descalabro. Não obstante o pedido, à tarde, digitara no Nokia e, de enfiada, sem esforço, do fundo de si "Embora desrespeitando o que me pediste, fá-lo-ei apenas hoje... Lamento não ter sido a mulher, a companheira que desejaste e precisavas, sobretudo agora. Amo-te, não obstante o momento que acabamos de viver. Desejo apenas que sejas feliz, que encontres o teu caminho de paz, amor e felicidade. Que lutes por ti e que não deixes ninguém fazer a tua caminhada por ti, nem desvalorizarem-te! Embora pareça estranho e contraditório terás sempre em mim um apoio, uma amiga, algo mais, um lar. Não te incomodarei mais com as minhas coisas, prometo. Sê feliz!"
A resposta tardou muitas horas, muitas para quem espera, desespera e ama... "Foste a companheira e a mulher melhor do mundo. Contigo senti-me sempre amado. Foste a única mulher que me amou incondicionalmente. Por isso, se tivesse de fazer tudo de novo fá-lo-ia sem hesitar. Nos teus braços encontrei sempre amor, aconchego e calor. Gostaria que aquilo que vivemos juntos o recordes com muita ternura porque eu terei sempre um espaço no meu coração para ti. Não te deixei porque não gostasse de ti, mas porque não sou capaz  mais de andar. Só desejo uma coisa: que sejas muito feliz."
      Pela manhã, como um hábito que não se perde, porque o coração não se comanda apenas pela força da vontade ou da razão, mandara mais uma sms perguntando se estava bem. Como não obteve resposta ligou-lhe. Depois de alguma insistência atendeu a chamada, de forma lacônica, seca, estava acompanhado, não podia falar... quereria  almoçar?.... repetiu que estava acompanhado. Todo o dia ela aguardou uma chamada de retorno, uma mensagem, alguma coisa. O peso da crueldade era do tamanho da dor que sentia. Não compreendia como é que alguém que ama pode ser afinal tão egoísta, tão insensível. Ignorar era fácil, pelos vistos o caminho estava mesmo traçado: esqucê-la o quanto antes. A dor dela não era a sua. A vontade de libertar-se dela e do suposto amor que lhe votava era maior do que a preocupação com ela, contrariamente ao que escrevera.... Mas talvez a verdade se começasse a tornar clara, pelo menos para ela, pois nesse momento sentia-se só, tão só!
Talvez tudo começasse a fazer sentido, seria  preciso retroceder algum tempo...

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